quinta-feira, novembro 20, 2008

Side-Stepper dos The Bamboos, revisto por quem tem frio

O terceiro álbum de originais desta banda de Melbourne tem, antes de mais, uma particularidade opcional interessante. O LP – duplo – traz no seu interior um cd (o que satisfaz todos os amantes do vinil que não se dão ao trabalho de transferir para suporte digital as suas pérolas e se lamentam por isso). Mais, o LP – duplo – tem um alinhamento diferente da edição em cd, incluindo mesmo um Bonus Track, de nome Back at the Bamboo Shack.
Para trás ficam dois álbuns de originais; Step It Up (2006) e Rawville (2007), um ao vivo; 'Listen! Hear!: The Bamboos Live (2008) e ainda um onde servem de banda de suporte à sua nova coqueluche, a menina Kylie Audlist; Just say (The Bamboos present Kylie Auldist), também de 2008. Prolíficos, estes senhores.

É já desde o primeiro álbum que os The Bamboos apostam no rótulo New Super-Heavy Raw Deep Funk. Ora catalogar nunca foi o meu forte... e, se estes senhores o afirmam, quem sou eu para contrariar? ---
No entanto, e pegando na vasta adjectivação, eu diria que pelo menos New Deep Funk serão com certeza.

Este álbum segue a mesma fórmula dos títulos passados mas não sabe a estagnado, pelo contrário, traz algumas novidades bem gostosas. Nomeadamente, melodia acrescentada q.b. e mais temas vocais do que o habitual – dos 12 totais do vinil, metade tem a participação de cantores convidados.
Pois se com isto alguns gritam evolução, outros exclamam perda de identidade. Já dizia a minha avó; - “ò filho, não se pode agradar a gregos e a troianos!”

Pessoalmente, não tenho quaisquer problemas com esta aproximação à Pop Funk ou ao Funk Pop. É certo que alguns temas são mais “fáceis” do que em trabalhos anteriores, mas também é certo que não existiu nada com orientações mais Pop do que Motown ou a Stax e o resultado é o que se sabe. E não se pode dizer que tenham perdido o feeling Deep Funk. Continuam uma banda ultra “tight” (tão “tight” que talvez por isso me esquive ao adjectivo Raw), com um lote variado de drum-breaks viciantes e orientações que lembram bandas esquecidas pelo tempo.

"Can’t Help Myself", com a participação de TY, que se movimenta em solos mais hip hop, salta imediatamente para a categoria de parasita cerebral, ficando desde já aqui o desafio de que consigam libertar-se desta melodia após uma primeira audição – impossível.
"Make It Real", "Tears Cried" e "Now That You Are Mine", com Kylie Auldist na voz transformam-se automaticamente em clássicos de Primavera/Verão para ouvir no Outono/Inverno.

Os instrumentais; "Nightsport", "Funky Buttercup", "The Side Stepper", "One Man Entourage", "Amen Brother" e "Back At The Bamboo Shack" cumprem na perfeição o que se espera de uma banda que tem como objectivos definidos os adjectivos acima mencionados.
"The Side Stepper", o tema que dá título ao álbum, é altamente viciante e pode facilmente tornar-se na alegria de qualquer festa de fim-de-ano.
"Amen Brother" é fato novo em canção de hinário evangélico com cheiro a naftalina. Se as igrejas fossem assim, teriam certamente menos moscas.
Quanto aos restantes intrumentais – "Nightsport", "Funky Buttercup" e "One Man Entourage" pode dizer-se que são o que mais faz lembrar Step It Up, o primeiro de originais, com fortes laivos de Poets of Rhythm.
Há ainda uma versão animada de “King Of The Rodeo” na qual Megan Washington deixa escorrer a sua voz melodiosa, tornando este num dos temas imperdíveis do álbum.

Em suma:
“Side-Stepper” é a prenda ideal no sapatinho de quem quiser aquecer o corpo sem escaldar a cabeça. Aqui não há lugar para dramas sem luz ao fundo do túnel. É assim que se resolvem os problemas através do Funk. Feel Good Music. E é preciso ter em consideração que este trabalho – que nos atinge em início iminente de Inverno – nos chega dos nossos estimados antípodas, o que indicia que por lá seja quase Verão.

Em sumo:
Para quem gostou dos últimos álbuns de Nicole Willis & The Soul Investigators, dos The Dynamites ou mesmo Sharon Jones & The Dap-Kings, este é mais um daqueles que não se devem perder. Mesmo sem acrescentar nada de muito novo, traz-nos aquele "old-feeling" à moderna. Satisfaz Bem.

Para conferir ao longo das próximas edições de MAGIA NEGRA e/ou no myspace da banda.

Até breve amiguinhos! ... and i can't help myself, don't wanna funk with no one else ...

1 comentário:

Anónimo disse...

grande álbum! :)

abraço
carlo