sexta-feira, maio 16, 2008

Parabéns Mr. New York, Senõr Joe Bataan!



Este senhor nasceu para o mundo a 15 de Maio de 1942, no Hospital de Harlem, tal como um dos seus heróis musicais, Tito Puente.
O nome de baptismo foi Peter Nitollano. Filho de mãe Afro-Americana e pai Filipino, esta família depressa se instalou nas ruas espanholas de Harlem. Crescer em Nova Iorque nos anos 50 foi, segundo o próprio, habitar um palácio musical. Havia música por todo o lado – nos apartamentos, nas ruas, nos carros, nos parques, nos táxis…E havia também muita pobreza. Joe abandonou a Commerce High School logo durante o primeiro ano e juntou-se a gangs, tais como os The Dragons e os the Young Copasetics. Tornou-se num lutador de rua – e dos duros – facto que lhe valeu a alcunha de Afro-Filipino Sugar Ray. Ele lembra que “as miúdas eram a principal razão das lutas”. Mas em 1959 foi apanhado a conduzir um carro roubado, sendo sentenciado a 5 anos de prisão na Coxsackie State Prison. Aqui, Joe aprendeu as bases da música: “A música foi a minha salvação. Ensinou-me disciplina.”
Durante este período decidiu que queria escrever canções que levantassem a moral e inspirassem os mais necessitados.
Quando saiu da prisão, Joe regressou às ruas de Harlem com a sua nova banda, os Latin Swingers. Fizeram uma audição para um contrato mas George Goldner, o patrão da Cotique Records, não apreciou o seu tom lírico. “Quando ele me conheceu, não queria que eu continuasse a cantar. Ainda bem que não segui o seu conselho.” Goldner disse-me: “tens de ser mais selvagem.” Ele queria que eu cantasse mais ao estilo James Brown, e eu respondi “That’s not my style.”
Por sorte, Jerry Masucci reconheceu a sublime melancolia da sua voz e assinou com ele imediatamente para a Fania. Durante 5 anos, Joe gravou 8 épicos álbuns para essa editora, tornando-se no indisputado King of Latin Soul. Nas suas canções os temas mais recorrentes são as tragédias e as vitórias do dia-a-dia, facto que atraiu e continua a atrair muito público que facilmente se identifica com as suas letras.
Nova Iorque é a sua cidade e ele canta-a com extrema empatia e afecto. Gil Scott-Heron, por exemplo, nomeou-o “Mayor of the Neighbourhood” e mesmo os mais exigentes críticos da música Latin Soul e Boogaloo continuam a venerar o seu trabalho. A música de Joe Bataan atingiu tal respeito e admiração porque exprime emoções intemporais e sentimentos que atingem toda a gente.

O que eu ando a ouvir – e não consigo parar – é esta excelente compilação da VampiSoul: Young, Gifted and Brown – Joe’s Sweet Soul Singin’.
Recomendada para todos os amantes da melhor Soul, com pitadas Latin. A loucura Boogaloo tão habitual nos trabalhos de Joe Bataan ficou de fora. Esta compilação é baseada no seu álbum “Singin’ Some Soul” de 1972 e inclui quase todos os seus clássicos Soul. Altamente recomendado é também o seu último trabalho para a VampiSoul – Call My Name (2005), onde Joe Bataan mostra que, para ele, cantar é como andar de bicicleta. Acompanhado por alguns músicos da Daptone (os mesmos que acompanham a rainha Sharon Jones e mais recentemente Amy Winehouse), Joe regressa pela passadeira vermelha e entrega doses massivas de energia e de sedução em histórias que só ele poderia contar. Há mesmo que diga que apesar de Bataan é como o vinho do Porto.

Feliz Cumpleaños! Longa Vida a señor Bataan!


mais informação em http://www.joebataan.net/ ou www.myspace.com/joebataan

2 comentários:

Anónimo disse...

All of it is true, but also his disco albums at the salsoul label are well worth checking out.

Wickywacky

Sould Out disse...

Thanks for the tip Wicky, i'll check them out! When will i have the honour of playing your 'mix-tape-cd-compilation'?