Alô alô, daqui comunicação para todos os interessados: mais um disco indispensável nas prateleiras!
Numa época de instabilidade política - em 1972, sob a presidência de Richard Nixon - Archie Shepp sentiu a necessidade de manifestar o seu profundo desalento e descrença no sistema político. Como tal, compõe Attica Blues, inspirado no motim da prisão de Attica.
Archie Shepp entrega a sua alma a este potente álbum editado pela Impulse!, a editora do célebre John Coltrane. Shepp opta por realçar os arranjos, de modo a que o seu saxofone-tenor se ouça por trás, como quem espera ser ouvido por entre a multidão. Ao longo do álbum, William Kunstler expõe a sua poesia através de narrações moderadas mas impregnadas de poder e intenção. Logo a abrir, Attica Blues, um tema que distribui costelas de funk, r'n'b, gospel e outras delícias, num cozinhado de origem afro-americana. Depois, explorando a Big Band de Ellington, em "Steam pt. 1" e Steam pt.2", o groove de Shepp atinge níveis cósmicos, por caminhos nunca dantes navegados.
Mas o auge talvez seja mesmo o "Blues for Brother George Jackson", dedicado ao activista/prisioneiro George Jackson - um tema repleto de emoção, fazendo lembrar o soul groove de Isaac Hayes, resultando num exercício pleno de beleza e profundidade.
A fechar o álbum, uma interpretação crua e fantasmagórica de Waheeda, a filha mais nova de Cal Massey, traz laivos de surrealismo a uma época que parecia surreal.
Hoje, faz todo o sentido voltar a visitar Shepp. É o que vai acontecer na próxima Magia Negra.
sexta-feira, abril 06, 2007
Archie Shepp
Posted by Sould Out at 13:42
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1 comentário:
Shepp é grande! Um dos meus temas favoritos dele chama-se Basheer e A Portrait of Robert Thompson. O album é "Mama Too Tight" de 1966 e está na Impulse. Se gostas jazz e do movimento afro-americano de libertação político-cultural tens de ouvir estes dois temas.
Bom blogue. Continua.
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